Episódio 1 Trecho 2 - (Versão traduzida em processo) (Übersetzung wird derzeit überarbeitet)
1. Folge - Teil 2
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Temas como a Amazônia e o meio ambiente mobilizam mais que mortes e desaparecimentos humanos em uma lógica racista?
Em 2023 o Espaço Aberto teve a honra de entrevistar a jornalista ,dedicada à cobertura do tráfico de drogas e armas e à violência, Cecília Olliveira. Cecília é co-fundadora do Intercept Brasil, diretora fundadora do Instituto Fogo cruzado e diretora da associação brasileira de jornalismo investigativo. A entrevista realizada no último ano, segue absolutamente atual.
O assassino de Marielle Franco e Anderson Gomes foi lembrado pelo Espaço Aberto, no último, 14 de Março, dia em que se completam 6 anos do caso.
A socióloga tem em sua tese de mestrado intitulada ", UPP – A REDUÇÃO DA FAVELA A TRÊS LETRAS: UMA ANÁLISE DA POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO”, concluída em 2014, muito de sua luta.
Com seu vasto instrumental teórico-prático, identificou, "através da elaboração, execução, resistências e organizações nas favelas, os mecanismos possíveis para o acesso da população à Segurança Pública, em relação ao conjunto da cidade”
As chamadas " UPPs" "reforçam o modelo de Estado Penal, absolutamente integrado ao projeto neoliberal."(FRANCO, M, 2014)
Em sua dissertação de mestrado, Marielle consegue elucidar a situação da população negra periférica moradora das favelas:
- Demonstrou "que o discurso de “guerra contra as drogas” e de controle dos territórios são iniciativas para conquistar o apoio do conjunto da cidade com uma alusão à paz. Sobretudo, através de recursos ideológicos como instrumentos fundamentais para conquistar a opinião pública e o senso comum, a fim de sustentar as contradições desta política;
- Evidenciou que não há “guerra” nesse processo. O que, de fato, existe é uma política de exclusão e punição dos pobres, que está escondida por trás do projeto das UPPs.
- Demonstrou também que a administração da segurança não construiu qualquer alteração qualitativa, ao contrário, atuou como força auxiliar no fortalecimento de um modelo de cidade centrada no lucro privado e não na sua população, sustentado pela política hegemônica do Estado, marcada pela exclusão e punição”. (Franco, 2014: 11).
A vereadora, pesquisadora e ativista dos direitos humanos concluiu que há "a continuidade de uma lógica racista de ocupação dos presídios por negros e pobres, adicionada do elemento de descartar uma parte da população ao direito da cidade" em um modelo neoliberal.
“No regime capitalista, o Estado está a serviço do poder econômico, ‘garantindo’ a segurança dos chamados “cidadãos de bem” ao atuar no sentido de exterminar os que estão à sua margem, ou seja, os pobres, os favelados e os negros.
Marielle demonstra que a ação das UPPs ocasionou o aumento da violência em suas áreas de atuação, resultando em um grande número de mortes e de desaparecimentos.
Além de denunciar as ações violentas, Marielle apresenta algumas propostas de intervenção, a fim de construir mecanismos possíveis para o acesso da população à segurança pública, como a retirada do poder bélico dos grupos criminosos; a ampliação do associativismo e da cidadania ativa nestas áreas; a desmilitarização da PM; a extinção dos aparelhos bélicos, como os helicópteros, drones ou armas de guerra; o planejamento de ações voltadas para a cultura, educação e saúde; a instituição de procuradorias e defensorias públicas dentro das favelas; e a legalização dos espaços comerciais na localidade.” (Joana Ferraz, Revista Cult, 2018)
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“O governo de Jair Bolsonaro (PL) e seus generais armaram a população civil brasileira com o objetivo de nutrir um braço armado da sua trupe golpista.
CAC é a sigla para Colecionadores, Atiradores e Caçadores, categoria utilizada pelo governo bolsonarista para expandir o armamento civil. O país fechou 2022 com 783,4 mil certificados de registros de caçadores, atiradores desportivos e colecionadores — em 2018, eram 117,5 mil. Essas pessoas adquiriram 1 milhão de novas armas nesses quatro anos.
…
O ex-presidente, em mais de 30 decretos, aumentou a quantidade de armas que podem ser compradas por cada pessoa, aumentou o limite de munição individual, facilitou a compra de pistolas, fuzis e submetralhadoras e dificultou o rastreio de munição.
Virou uma festa. A quantidade de CACs ultrapassou o efetivo das Forças Armadas e PMs. Eles são em sua maioria homens e estão armados sobretudo com pistolas, carabinas e submetralhadoras de calibre 9mm. Este calibre era restrito até 2018. Sua liberação foi mais uma das artimanhas de Bolsonaro - agora revogado.
A gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terminou 2023 com 12 medidas para proibir ou restringir o acesso de civis a armas de fogo. A autorização de novos CACs ficou suspensa por um ano — voltou em 2024.”
(Instituto Fogo Cruzado - texto retirado na íntegra)
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Uma Submetralhadora MP5 da empresa alemã Hecker & Koch foi utilizada no crime de Marielle e Anderson. A Alemanha encontra-se em 5 lugar, na lista de países que mais exportam armas do mundo, existem 80 mil pessoas empregadas nesse setor.
Eu perguntei à Cecília: “Países do Norte” também financiam o crime?
Vocês vão poder conferir no próximo episódio da série “Nossas amazônias?”
O Constituo Fogo Cruzado é a única fonte de informação no Brasil sobre balas perdidas. Produz indicador para 57 municípios, em quatro regiões metropolitanas.
O Espaço Aberto agradece o Instituto Fogo Cruzado, pelo trabalho grandioso, e também, por nos manterem atualizados com as Newsletters.
Fontes:
https://revistacult.uol.com.br/home/upps-marielle-franco/
https://www.institutomariellefranco.org/en
https://www.youtube.com/watch?v=EGviZRnw2H
Tese de dissertação de Marielle: